20 de jan. de 2015

Melhor Hambúrguer da Cidade: Holy Burger

"Burgers, aqui me tens de regresso
E suplicante lhe peço, a minha nova inscrição..."

Galhofas e citações ao grande Nelson Gonçalves à parte, devo dizer que estava com saudade de escrever sobre os melhores hambúrgueres da cidade. Confesso ainda que foi difícil encontrar um lanche que merecesse não só pertencer a essa lista, mas também fosse digno de reiniciar as atividades da coluna. Batalhei, mastiguei, suei para pagar alguns lanches ruins por aí, mas finalmente encontrei um que valesse a pena. Ei-lo: o Holy Burger, recém-inaugurado na rua Doutor Cesário Mota, ali naquela região capciosa que alguns chamam de Baixo Consolação, outros chamam de Santa Cecília, Vila Buarque e há até quem se refira como Baixíssimo Higienópolis. Para começar, um aviso: a casa ainda está começando suas operações, e vivendo um intenso período de hype - isso é, aquele diz-que-me-diz que acontece depois que o Estadão, o Guia da Folha e a Vejinha prestam atenção no lanche. Antonio Prata e os meios intelectuais, meio de esquerda entendem isso muito bem.


Mas a história da casa é boa (juro!): seus donos, fiéis da Igreja Batista da Liberdade (daí o nome do estabelecimento), começaram vendendo lanches na porta dos cultos da igreja, para custear programas sociais que faziam na região, oferecendo aulas de futebol e inglês a crianças carentes. Um dia, foram convidados pelo SP Burger Fest para participar da brincadeira e, em um fim de semana, venderam quase 2 mil hambúrgueres. "No domingo, tive que comprar os burgers do PJ Clarke's, porque não tinha como fazer os meus próprios", me contou um dos sócios quando visitei a casa, logo no início de janeiro, na companhia da namorada. Outra coisa bacana: 10% de tudo que é consumido no Holy Burger vai para os projetos sociais. 

No início do rolê, dois muxoxos: o primeiro causado por uma fila básica de 15 minutos - algo raro para São Paulo em dias de semana. (Segundo fontes, a fila aos sábados pode chegar a duas horas - em clara demonstração do efeito Vejinha aliado à tendência que já falamos aqui de casas com salões menores e poucas (e boas) opções de lanches).  Já o segundo foi que, graças à instabilidade da rede elétrica da região, a casa não estava oferecendo batatas fritas – caso ligada, a fritadeira elétrica faria a energia de todo o estabelecimento cair. Pode até ser meio romântico comer à luz de velas, mas não quando você quer descobrir se aquele vermelho é da carne ou do molho de tomate. Para compensar, no entanto, uma boa trilha sonora. Naquela noite, só rolou Tim Maia, de todas as fases: do início soul à fase mais dançante, incluindo os discos Racionais e lados-B espertos como "Haddock Lobo com Matoso". 

Vamos ao que interessa: aos lanches. Como estava a fim de manter o padrão de observação do MHC, ataquei o Cheese Burger (R$ 19), que vinha com hambúrguer de 160g, maionese caseira, queijo prato e molho de tomate, tudo no pão de hambúrguer tradicional. Já a namorada atacou o The Original (R$ 25): hambúrguer de 160g, cheddar, cebola caramelizada, bacon e maionese no pão australiano. Dei uma mordida rápida e senti que, apesar dos esforços, o pão brigava muito com o sabor do resto do lanche, deixando-o também um pouco seco.

No entanto, cheddar no ponto certo e carne redonda (diz a turma que é uma mistura de acém, peito e costela, mas eu digo apenas que tava bom mesmo), apesar da falta de sal. A ausência de cloreto de sódio parece ser razoavelmente compensada pela mistura do salgado do bacon com o doce da cebola, fazendo o lanche funcionar bem - mesmo parecendo uma versão bombada do clássico Cheddar McMelt, do McDonald's (um lanche que devo há tempos para esta coluna).  Mas, como eu sempre friso, uma mordida é bem pouco para avaliar um lanche.

Já o Cheese Burger do Holy desceu bem bacana.  Com um pão suave, foi possível facilmente sentir o gosto de tudo dentro do lanche. A carne merecia mais sal, mas estava em um ponto ótimo: selado por fora, rosado por dentro, como manda o figurino. O queijo prato estava no ponto certo, e, apesar de se confundirem em apenas um único líquido, maionese e molho de tomate faziam uma boa dupla, digna de Jesus e João Batista, quando os dois faziam a dupla de ataque do Nazaré F.C. Fica como sugestão à casa, porém, separar maionese e molho no lanche, a fim de que em mordidas diferentes seja possível separar o gosto de cada um. Como a casa ainda está dando seus primeiros passos, é possível que esses ajustes já tenham até sido implementados pelo Rolê Holy Burger. Ainda fiquei curioso para voltar lá e provar as batatas e o Jelly Burger, que tem a manha de ter geléia de frutas vermelhas e queijo brie junto de pão e carne. Promissor. 

PS: Na sobremesa, a casa ainda oferece pudim de leite condensado e cheesecake com sabores variados. Vou ter que dizer que faltou espaço para encarar a brincadeira. Mas possso botar a culpa no calor? 

Nota: 3,75 fatias de bacon

Ranking MHC Pergunte ao Pop: 

1 - Sujinho Pic Burger Maionese, Hamburgueria do Sujinho - Consolação (4,8)*
2 - X-Maionese, Hamburgueria do Sujinho - Consolação (4,5)*

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