6 de mar. de 2014

Melhor Hambúrguer da Cidade: Vinil Burger

Uma das piores manias de um colunista é começar seu texto com "na minha última coluna, falei sobre...", mas vou ter que adotá-la desta vez. Na minha última coluna, falei sobre o Na Garagem, uma hamburgueria artesanal em Pinheiros cujo mote poderia ser "menos é mais", uma vez que o lugar oferece apenas dois tipos de lanches, batata frita e algumas poucas opções de bebida. Perto dali, outra lanchonete razoavelmente nova adotou uma proposta ainda mais radical: você tem apenas uma opção de lanche, sem acompanhamentos, e com apenas algumas opções de bebidas (refris, sucos orgânicos e cervejas especiais selecionadas pela casa). É o Vinil Burger, que também dá nome à casa, localizada na esquina entre as ruas Padre Carvalho e Vupabussu, em Pinheiros, do lado do famoso boteco Pirajá (e a duas quadras do Empório Alto de Pinheiros, uma grande casa cervejeira de São Paulo, onde eu pude reencontrar as sidras que tanto fizeram minha alegria na Inglaterra e na Irlanda. Mas isso é outra história). 

"Nos outros lugares, você monta o seu lanche. Aqui, você desmonta", me explicou a garçonete assim que eu cheguei. Ou melhor: balconista, porque você pede o lanche no balcão, espera pela sua senha e come no mesmo balcão. Pois bem: por R$ 19,00, o Vinil Burger original é um verdadeiro monstro de recheios: além dos convencionais carne e queijo (dá pra escolher entre prato, cheddar, mussarela ou provolone), o lanche ainda tem salada (alface e tomate), bacon, picles, cebola desidratada e cebola caramelizada.

Como eu tenho um princípio que diz que coisa demais num lanche só pode dar errado, resolvi tirar alface, picles e a cebola desidratada do sanduíche, com uma Coca (R$ 4,00, a lata) para acompanhar. Na hora de pegar o lanche, uma surpresa: ainda vinha com maionese à parte - embora esta fosse um bocado pegajosa e oleosa, muito semelhante à de lanchonetes como o Burdog e o Toninho & Freitas

Apesar de não ser exatamente um lanche grande, é preciso umas três ou quatro mordidas para sentir todo o potencial de sabores do Vinil Burger, graças à sua quantidade de ingredientes e sua... distribuição geográfica pelo sandúiche. E que sabores, meu amigo: tudo parece se complementar ali, da doçura da cebola caramelizada (a melhor provada por este blog desde o Kiosko, em Barcelona) ao salgado tostado do bacon (que vem em pequenos pedacinhos, o que facilita a crocância e evita o incômodo de morder e ver uma fatia toda saindo do lanche), passando pelo pão tostadinho, pelo queijo bem derretido e pelo (vá lá, quase dispensável) tomate. 

A carne grelhada ao ponto derrete na boca, bem selada por fora e vermelha por dentro, embora seu tempero dispute muito espaço com a cebola e o bacon (e se você é um garoto esperto, você já sabe: a carne deve vir em primeiro lugar), mas seu gosto de grelha meio suja dá o tom certo da brincadeira. (Uma observação: os donos da casa perderam uma ótima piada ao não criar duas versões do hambúrguer, uma com 90g e a outra com 180g). Com a devida atenção e o apetite calibrado, este vinil pode ser muito melhor do que qualquer CD (ou X-Salada) por aí, sem medo de poeira, riscos ou arranhões. 


Nota: 4,5 fatias de bacon

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