8 de out. de 2013

Açúcar, Suor e Cerveja


O último sábado, 5, não teve uma noite comum para a Choperia do SESC Pompeia. No lugar das usuais plateias comportadas que o local costumar receber ao hospedar rodas de samba, novatas bandas independentes ou até mesmo grupos de rap, um dos mais prestigiados palcos de São Paulo foi sede de comoventes rodas de pogo, stage dives e muito, mas muita adrenalina liberada. A razão? A segunda apresentação em solo brasileiro de um dos maiores ícones do rock nas últimas três décadas, o norte-americano Bob Mould.

Dono de uma ficha corrida de bons (ou maus) serviços prestados à música hodierna, como o seminal (e, por que não dizer, esporrento, embora as duas palavras não sejam sinônimos aqui) Husker Du e do espontâneo Sugar, Mould veio ao Brasil na turnê de seu último disco solo, "Silver Age", lançado no ano passado. Foram duas apresentações esgotadas (800 pessoas em cada uma) em São Paulo, no SESC Pompeia, e uma no dia seguinte, no Rio de Janeiro, no Circo Voador. As três, pelo que se pode supor na observação do show do sábado, foram repletas de açúcar, suor e cerveja.



O primeiro quarto do show coube ao açúcar, ou melhor, ao lado A de "Copper Blue", disco mais bem vendido do Sugar, divulgado na esteira de atenção que a mídia deu para o rock independente pós-"Nevermind". Cheio de canções cantaroláveis, escondidas em guitarras sujas, mas altamente grudentas, como seria de se esperar, o momento trouxe à tona petardos como "A Good Idea", "Changes" e "Hoover Dam", colocando o clima da noite lá no alto e alargando os primeiros sorrisos do dia.

Depois de um pequeno bloco marcado pelas canções solo de Mould, entre a urgência de sua primeira banda e um clima viajante, não restou um corpo parado na pista da Choperia. Nem aqueles que queriam ficar parados conseguiram segurar a onda com a sequência arrasadora de porradas do Husker Du, como "Could You Be The One?", "I Apologize" e "No Reservations". (Que fique registrado que este escritor só não fez o primeiro stage dive de sua vida por falta de amigos para levantá-lo, porque vontade não faltou).

Com alguns chopes escuros na cabeça e o calor característico do lugar, foi difícil não suar (e celebrar) ao som de Mould e sua boa banda, formada pela cozinha do Superchunk, que ainda voltou para dois bis, um com a melhor música do Sugar ("If I Can't Change Your Mind") e "Celebrated Summer", outro que fechou a noite com "Makes No Sense At All". A gente não costuma duvidar muito de títulos de música, mas, mesmo envolto em muito barulho, tudo parecia fazer sentido ali.



Fotos e vídeo por Bruno Capelas

PS: O show inteiro de sábado pode ser assistido no player abaixo:

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