21 de mar. de 2013

Churrasquinho Grego: Atenas, parte 1

Yasu! É como se diz olá em grego, embora eu deva dizer que até agora o "excuse me" e o "hello" tem sido bem mais eficientes. É mais de meia-noite da quinta para a sexta-feira aqui em Atenas, e tudo que eu consigo dizer é: que cidade foda.

Não que as primeiras horas por aqui tenham sido fáceis: cheguei no hostel apenas às duas e meia da manhã, depois de sete horas de vôo entre Lisboa e Atenas, com uma conexão em Zurique, e uma hora de ônibus (de madrugada, sim, porque país rico é país com transporte público noturno) do aeroporto para a praça Syntagma, e um táxi salvador pra encerrar a conta. Tudo que eu queria era dormir até cansar, mas acordei cedinho hoje pra pegar o café da manhã do hostel e sair andando pelas ruas, ruelinhas e pedras e mais pedras da capital grega. 

A primeira parada era, obviamente, a Acrópole - com direito ao Partenon, o Erecteion (um raro templo desigual dedicado a Atena e Poseidon) e o Teatro de Dionisio. Não é preciso ter muitos neurônios pra dizer que é um lugar incrível, especialmente quando se examina o contraste entre as construções antigas e a cidade (mais ou menos contemporânea) lá embaixo. 

Depois de quase dois meses em Portugal, uma das minhas grandes inquietações é tentar entender como um povo que foi tão inventivo e aguerrido, desbravou os mares e encontrou novas terras consegue conviver com o seu passado nos dias críticos de hoje? Lá em cima, entre uma foto e outra do Partenon e da bandeira da Grécia hasteada no topo da montanha, esse pensamento voltou à minha cabeça com ainda mais força: como será que os gregos vivem com esse peso nas costas? Eu não conseguiria - e, por um breve momento, a ridícula ideia de que "o Brasil é o país do futuro" me fez soltar um breve sorriso (quase amarelado) de esperança. 

Andando pela cidade (e pelos Museus e pelas ruínas), talvez eu tenha encontrado uma resposta para as minhas perguntas: eles devem não pensar nisso, depois de séculos de dominação romana, grega, islâmica, bizantina e de uma ditadura pesadíssima (fica a lição de casa: quando eu voltar pra Lisboa preciso assistir Z). 

Simplesmente seguem em frente, com suas caras de bravo, mas que armam um grande sorriso quando a gente fala que é do Brasil. (E olha que eu nem precisei tocar no assunto futebol, viu?). Há qualquer coisa em Atenas que me lembra um pouco de São Paulo: talvez seja a ideia de ser uma cidade meio bagunçada, e onde a beleza se acha nos lugares menos improváveis. (A diferença é um pequeno causo: hoje, na rua, um grego me falou que queria muito ir a São Paulo. Respondi a ele: "It's an ugly city. But you really have to go there"). 

Eu até queria ficar e contar mais pra vocês (do churrasquinho grego à garota que falava português na loja de suvenires, passando pelo Museu da Acrópole e pela loja de vinis que tinha um Velvet & Nico italiano que eu deixei passar), mas o sono bate no corpo e amanhã é dia de acordar cedo - a maioria dos museus fecha às três da tarde por aqui, então é preciso madrugar. Se tudo der certo, amanhã falo mais bobagens (e quem sabe volte pra casa com a banana de Andy Warhol na mala). Vamos ver. Niké.

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