29 de nov. de 2012

Entrevista S&Y: Ben Kweller

Apesar da cara de moleque que mostra na capa de seus discos, o norte-americano Ben Kweller já pode ser chamado de um veterano do rock alternativo. Aos 31 anos, ele já foi menino prodígio do grunge, fez grandes canções de power pop, flertou com o country e teve nomes como Ben Folds e Nils Lofgren como parceiros musicais, em uma carreira que começou no início dos anos 1990. Em dezembro, Ben vem sozinho (isto é, sem sua banda de apoio) ao Brasil pela primeira vez para fazer quatro shows, em São Paulo (dia 4, no SESC Vila Mariana), no Rio de Janeiro (dia 6, no Imperator), em Belém (dia 7, no festival Se Rasgum), e em Fortaleza (dia 8, no Órbita Bar).

Bati um papo de meia hora por discagem direta internacional com Ben Kweller na semana passada, durante o feriado da Consciência Negra. O resultado foi uma entrevista divertida que saiu no Scream & Yell, no qual o artista falou sobre sua primeira banda, o Radish, sobre seus últimos discos, os heróis que o inspiraram a seguir em frente e a música que toca para seus filhos de 6 e 2 anos de idade. Entretanto, para mim a melhor parte da entrevista é o final, quando Ben fala sobre o mercado da música e confessa ser fã de um axé baiano que tortura muitos ouvidos durante o verão. Quer saber qual é? Descubra lendo a entrevista lá no Scream & Yell.

27 de nov. de 2012

Do You Remember the First Time?



A menos que você tenha muitos dinheiros e tenha visto o Pulp no estrangeiro, a resposta para a pergunta do título é não. Nessa quarta-feira (28), Jarvis Cocker e seus companheiros desembarcam em São Paulo para sua primeira vez no Brasil, no palco do Via Funchal. É a última perna da excursão sul-americana que a banda britânica faz em 2012, parte da turnê de reunião que começou em 2011, no Primavera Sound, em Barcelona - em show que contou com uma dedicatória de "Common People" aos manifestantes espanhóis que entraram em confronto com a polícia naquele dia.

26 de nov. de 2012

Melhor Hambúrguer da Cidade: Milk & Mellow


Sabe quando você tem um grande amigo, esse amigo começa a gostar de uma garota, e quando você vê eles começam a namorar? Quando você percebe, todas as suas conversas com o cara agora são sobre como essa nova garota é demais, sobre as bandas, os livros e os filmes favoritos dela, além daqueles detalhes (o jeito que ela sorri, pisca os olhos ou abre o guarda-chuva) que só ele percebe. E aí chega o grande dia em que ele resolve levar a garota para jantar com os amigos - e sempre rola aquela insegurança dela odiar as piadas que você faz e transformar a sua parceria de fé em um inferno. 

O último parágrafo pode ser um pouco exagerado, mas descreve mais ou menos como eu me sentia quando fui pela primeira vez ao Milk & Mellow (Av. Cidade Jardim, 1085, no Itaim Bibi), na companhia do Tiago Oliveira - conhecido popularmente como Dinha.

Se há algum responsável maior pela existência dessa seção, esse é o Dinha, que anos atrás me introduziu na fina arte de comer hambúrgueres após as aulas do colegial. E o Milk & Mellow, por sua vez, não é outro senão o lugar onde o próprio Dinha descobriu que um bom lanche é muito mais do que carne, queijo e pão. 

Com decoração sofisticada (mas que inclui um pôster dos Beatles, hehe) e habitado por coxinhas de toda sorte, o Milk & Mellow prometia ser aquela namorada patricinha e sem bom papo que o seu amigo conheceu na academia. Ledo engano! Para começo de conversa, trata-se de um lugar para os bons de copo, uma vez que, a meros R$ 6,80, é possível tomar quanta Coca-Cola se quiser. Mas falemos do essencial, o lanche - dessa vez, um X-Maionese (R$ 16,90) no capricho. 

Dizer que foi amor à primeira vista seria complicado, porque, afinal, trata-se da namoradinha de um amigo seu. Entretanto, o X-Maionese do Milk & Mellow é o tipo de lanche com o qual dá para engatar uma boa relação. Primeiro, trata-se de um lanche pequeno, daqueles que cabe na mão sem muito esforço (mas não pequeno a ponto de nos fazer passar fome). Segundo, pela carne, muito bem preparada (ainda que faltasse um pingo de sal em sua composição), e que veio ao ponto da chapa. Terceiro, pelo queijo bem derretido (hummmmmmm, diria a Ana Maria Braga), e, por último, pela excelente maionese, temperada com bastante salsinha e bem cremosa. Juntos, esses ingredientes são dignos da última frase de um dos maiores filmes de todos os tempos, Casablanca. "É, acho que esse é o início de uma bela amizade". 

Nota: 4,25 fatias de bacon

PS: A título de curiosidade, pedi ao fim da noite um petit-gateau (R$ 14,60). Bem bom, embora o bolinho tenha vindo com muita calda e pouca massa. 

Ranking MHC Pergunte ao Pop:

1 - X-Maionese, Hamburgueria do Sujinho - Consolação (4,8)
3 - X-Maionese, Milk & Mellow - Itaim (4,25)
4 - X-Bacon Maionese, Lanchonete D'Sampa - Brooklyn (4) 

24 de nov. de 2012

Pais e Filhos

Nos últimos dez anos, as telas dos cinemas alternativos do Brasil (aqueles lugares onde a pipoca quase nunca é comprada e todo mundo fala em filmes de arte) têm sido ocupadas por uma enxurrada de documentários musicais. São longas-metragens que abordam carreiras esquecidas (Simonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei, Loki), surgimentos de cenas musicais (Botinada) e examinam trajetórias longevas (Meu Tempo É Hoje, Coração Vagabundo), dando água na boca em fãs famintos por saber mais sobre a carreira de seus ídolos, as condições em que eles chegaram à produção de hits certeiros ou como suas carreiras foram destruídas pelas drogas e pelo álcool. 

Rock Brasília - Era de Ouro, lançado em 2011 pelo cineasta Vladimir Carvalho, bem que poderia se encaixar facilmente nessa definição das últimas linhas. Afinal, o filme examina com precisão o surgimento, o sucesso e o declínio das três grandes bandas de rock da capital federal na década de 1980: a Legião Urbana, a Plebe Rude e o Capital Inicial. Mas Rock Brasília é mais do que isso: trata-se de um filme sobre a capital federal, e, mais especificamente, sobre seus primeiros filhos. 

19 de nov. de 2012

Black is Beautiful

Não importa se na sua cidade hoje é feriado ou não - o que importa é que o dia de hoje, o Dia da Consciência Negra, merece ser um dia de reflexão. E, por que não, de música também? Pensando nisso, o Pergunte ao Pop reuniu 10 canções que falam sobre racismo, ícones negros, a luta pelos direitos civis e a esperança de um mundo que não seja mais igualitário, mas sim no qual as diferenças sejam compreendidas e valorizadas.

Black is Beautiful by Bruno Capelas on Grooveshark

16 de nov. de 2012

Sobre o Tempo: Tears For Fears



No ano passado, escrevi para o Scream & Yell sobre um dos shows que o Tears for Fears fez em São Paulo no Credicard Hall. Em 2012, a dupla Orzabal e Smith volta à capital paulista, para uma única apresentação, no dia 22 de novembro, no tétrico Espaço das Américas. Segundo o setlist.fm, o show da semana que vem tem quase o mesmo repertório do que o apresentado em 2011. Sendo assim, acho que vale a pena relembrar como foi aquele (grande) show. 

O tempo é uma coisa engraçada – especialmente quando se trata de bandas de rock. Muitas delas passam uma carreira inteira tentando provar que ainda são jovens – mesmo quando seus integrantes já ostentam os cabelos mais que brancos. Outras simplesmente aceitam o fato de que estão ficando experientes e barrigudas. Interessante, porém, é quando essas duas experiências acontecem com a mesma banda, no espaço de um único show, ainda que uma sensação prevaleça sobre a outra. Pois foi algo assim o que aconteceu no dia 06, no palco do Credicard Hall, durante a primeira passagem do Tears for Fears por São Paulo na mini-turnê que o duo inglês faz pelo Brasil neste mês de outubro.

Logo na entrada já era possível notar essa divisão: uma boa parte da platéia era formada por respeitáveis senhores e senhoras, carentes de alguns fios de cabelos e de um pouco de nostalgia dos anos 80. Entretanto, uma fração considerável do público compunha-se de jovens na faixa entre os 15 e os 25 anos de idade, que conheceram a banda na esteira do sucesso do filme cult “Donnie Darko”, cuja trilha sonora incluía “Head Over Heels” e uma cover de “Mad World” feita pelo ilustre desconhecido Gary Jules. 

13 de nov. de 2012

10 impressões sobre Belo Horizonte

A fina arte de entender o nome de uma cidade (mesmo num dia nublado)
Se em setembro eu disse que o Rio de Janeiro é um prazer para os olhos, começo esse texto falando que Belo Horizonte é uma cidade para a boca - seja para comer os maravilhosos pratos que a culinária mineira trouxe ao mundo, para beber boas cervejas e cachaças (e o Mate Couro nosso de cada dia) ou para passar horas e horas jogando conversa fiada numa mesa de bar. (Isso para não falar no queixo caído e nas risadas que alguém consegue dar em Inhotim, mas isso é assunto para um próximo texto). 

A seguir, comento dez lugares, pensamentos, reflexões e bobagens a respeito de uma cidade que me deixou balançadíssimo em relação ao meu futuro (a ponto de reconsiderar meu amor por São Paulo), a partir dos três dias que passei por lá no último feriado de Finados, na companhia do Marcelo Costa, sua senhora, Liliane Callegari, Polly Sjobon e mais os queridos amigos Tomaz de Alvarenga, Rodrigo James, Natália Mazoni, Rodrigo Brasil, Maurício Angelo e Thiago Pereira. Ê trem bão!.

11 de nov. de 2012

Entrevista: Cao Hamburger



Cao Hamburger é um grande ídolo da geração que cresceu nos anos 1990, embora muita gente mal saiba que foi ele um dos principais responsáveis por "Castelo Rá Tim Bum" . Aos 50 anos, afastado das produções infanto-juvenis dos canais abertos desde 2000, o diretor paulista retorna à televisão aberta neste domingo (11), com "Pedro & Bianca" , nova série da TV Cultura .

Ambientada em uma escola pública, “Pedro & Bianca” quer falar sobre o universo adolescente a partir da vida dos irmãos do título, prestes a entrar no primeiro ano do Ensino Médio. Gêmeos bivitelinos, Pedro e Bianca se incluem em uma estatística quase improvável - ele é branco, e ela é negra, algo que tem apenas 0,0001% de chances de acontecer na vida real.

Falando sobre assuntos polêmicos de maneira franca, como sexo, gravidez, bebida, trabalho e namoro, e contando com uma personagem bissexual e um cadeirante, “Pedro & Bianca” promete ser uma atração bem diferente das convencionais “Malhação” e “Rebelde”.

Realizei um sonho de infância ao bater um papo com o Cao Hamburger nessa semana sobre a nova série que ele está fazendo para a TV Cultura "Pedro & Bianca". Meu orgulho de ser da geração que nasceu nos anos 1990 aparece aqui fácil - especialmente quando eu digo (normalmente, em mesas de bar) que "Castelo Rá Tim Bum" é um programa infantil que não vai ser superado pela televisão brasileira. 

Para quem quiser continuar lendo a matéria com o Cao, segue o link. Quem ficar curioso pela série "Pedro & Bianca", pode também ler a reportagem que fiz especialmente sobre ela

9 de nov. de 2012

Elvis Presley na Rádio USP

Fãs do bom e velho rock'n'roll, atenção! Nesse domingo, dia 11, a partir das 11h30, este que vos escreve falará sobre Elvis Presley na Rádio USP, no programa Universidade 93,7, que é feito pelos alunos de jornalismo da USP (sim, eu sou um deles). 

Na pauta, falamos sobre o show Elvis Presley in Concert, a exposição Elvis Experience, entrevistamos um cover de Elvis, o Elvinho, e fomos até à Galeria do Rock pedir para as pessoas cantarem trechos de suas músicas favoritas do Rei do Rock, lembrando os 35 anos de morte do cantor. 

Participo do programa cobrindo a porta do show Elvis Presley in Concert, que trouxe ao Brasil a banda que acompanhava o caminhoneiro de Tupelo, e fazendo a locução geral.

Perdeu o programa? Não tem problema! Você pode escutá-lo na íntegra depois de baixá-lo por aqui! Espero que vocês curtam - and "everybody let's rock!". 

8 de nov. de 2012

Melhor Hambúrguer da Cidade: Finnegan's Pub

É triste não ter condições para realizar algum feito marcante. Mas é mais triste ainda perceber todo um potencial para o sucesso desperdiçado de maneira quase displicente. Esse é o sentimento que fica depois que se acaba de comer o X-Maionese (ou, como reza o cardápio da casa, Finniburguer Salada) do Finnegan's Pub. Situado na esquina da rua Cristiano Viana com a rua Artur de Azevedo, no coração do bairro de Pinheiros, em São Paulo, o bar pode muito bem agradar a seus visitantes com suas cervejas - mas ainda está longe do sucesso quando o assunto é hambúrguer. 

Fui ao Finnegan's pelo segundo ano consecutivo para comemorar o aniversário da querida Victória Cirino - ou, por uma coincidência de datas, celebrar o Dia dos Sacis, das Bruxas e o Halloween. Inspirada diretamente pela cultura irlandesa, a casa conta com uma decoração inusitada.

Junto a pôsteres de James Joyce e bandeiras da terra de Bono, podem ser vistos cartazes de Marilyn Monroe jogando cartas com James Dean e Humphrey Bogart (?) e imagens dos Beatles (super irlandeses). Para completar, um trio acústico tocava clássicos do rock como "So Far Away", do Dire Straits, e "Tears in Heaven", do Clapton. Risos. 

Custando a bagatela de R$ 26,80, o Finniburguer Salada é uma porçãozona que compreende uma salada de alface e tomate, batatas fritas e um X-Maionese. Salada é aquela coisa de sempre: tu come pra depois falar pra mãe (ou pra namorada/mulher, dependendo do seu estado civil) e ganhar uma ~estrelinha~. A batata frita, por sua vez, era bem boa - e vinha em largas quantidades, sendo um ponto alto do prato. 

Já o hambúrguer do Finnegan's me lembrou muito os dias de hoje do Santos Futebol Clube, que depende até suas últimas forças da garra de Neymar - e sem ele, é quase um completo desperdício. No caso do X-Maionese, o equivalente de Neymar é a carne, que vem em um pedaço alto, naquele ponto bacana entre o tostado e o ao ponto. Poucas são as hamburguerias que têm na carne seu ponto alto da mesma maneira que o Finnegan's (assim como Neymar não é o tipo de jogador que se vê em qualquer esquina). Mas o resto é uma tragédia: o queijo, assim como a defesa do Santos, é inexistente; e a criação de jogadas sem o craque-porco-espinho é infrutífera como a maionese azeda e escassa do lanche. Uma pena - mas mesmo assim, vale torcer para ver se a diretoria do Finnegan's F.C. traz reforços para próximas temporadas.

Nota: 2 fatias de bacon

Ranking MHC Pergunte ao Pop:

1 - X-Maionese, Hamburgueria do Sujinho - Consolação (4,8)

6 de nov. de 2012

Luz & Sombra: Conversas com Jimmy Page



O ano de 2012 tem sido bastante especial para os fãs brasileiros do Led Zeppelin. Em outubro, o país viu a bela passagem de Robert Plant com uma turnê de oito shows, e fez parte do lançamento mundial de “Celebration Day” , filme que mostra o último show da banda, realizado em 2007 com Jason Bonham assumindo as baquetas no lugar do pai, John Bonham.

Neste mês, um livro que detalha com propriedade as canções e gravações do grupo inglês chega às livrarias brasileiras. Escrito pelo jornalista Brad Tolinski, editor-chefe da revista Guitar World, “Luz & Sombra: Conversas com Jimmy Page” (Globo Livros, 288 páginas, R$ 39,90) reúne entrevistas feitas com o guitarrista do Led Zeppelin ao longo dos últimos 20 anos.

Cobrindo toda a trajetória do músico, dos tempos trabalhando em estúdios até os dias de hoje, passando pelas parcerias com Paul Rodgers e David Coverdale, o livro procura deixar clara a importância de Page para o rock’n’roll, não só como instrumentista, mas também como produtor. Em certo momento, por exemplo, Tolinski informa aos leitores que uma das primeiras captações decentes do som de uma bateria foi idealizada por Page.

Depois de falar do show de Robert Plant para o Scream&Yell, escrevi para o iG Cultura uma resenha curta sobre o livro Luz & Sombra: Conversas com Jimmy Page. Quem quiser conferir o resto do texto pode seguir nesse link maneiro aqui